A diversidade nas pistas da Fórmula 1 ainda é pequena, muito inferior do que já deveria ser. Mas isso não significa que não estamos fazendo progresso nesse âmbito.
É claro que, provavelmente, o único piloto negro que você conhece deve ser o Hamilton, que traz uma grande representatividade. Mas agora surge também um piloto mais jovem, afrodescente, que traz Hamilton como sua inspiração.
O jovem Myles Rowes, agora é o vice-campeão da USF2000, que tem sua categoria de base dos EUA. e também é o primeiro piloto negro que vence uma corrida em um campeonato que teve sua formação no país.
Myles Rowe
O jovem piloto, de 22 anos, nascido em Atlanta, Geórgia, EUA, já iniciou sua carreira aos 12, estreando no monopostos, lá em 2017, quando contava com 16 anos.
No ano seguinte, de 2018, Rowe conquistou outro título na Fórmula Indy. Nesse momento, o piloto sentiu pesar a falta de recursos, pois inscrições e tudo o mais para disputar nas corridas, precisa de dinheiro.
Com isso, Rowe ficou sem correr por quatro anos. “Depois de dois anos, eu não conseguia nem assistir as corridas. Isso me deixou triste porque cada vez que eu assistia eu queria estar no carro”, conta Rowe.
Projeto da Fórmula Indy
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Após um desabafo, lamentando o ocorrido no homicídio de Goerge Floyd em 2020 pela polícia, a Fórmula Indy iniciou um projeto que ajudou muito Rowe a voltar para as pistas. Assim, o jovem piloto começou a disputar títulos de base em monopostos.
“Em 2017, fiz algumas corridas na Lucas Oil Formula Car Race Series e ganhamos metade delas. Fui realmente abençoado porque eu não pude disputar a temporada inteira, mas essa foi basicamente uma grande razão para eu ter voltado a correr, porque não conheço muitos outros pilotos negros que têm um campeonato nas categorias de base no seu currículo e isso foi incrível”, relembra Rowe.
Nos testes de 2020, Myles Rowe foi aprovado e então, deveria integrar a Force Indy (equipe composta por profissionais negros, em sua maioria). No entanto problemas viriam.
O preço da diversidade
Myles Rowe venceu já em sua estreia em Nova Jersey, sendo então, considerado o primeiro automobilista negro a vencer nos jogos de base dos EUA.
Depois disso, a Force Indy teve uma migração para IndyLights, trazendo a Rowe um prejuízo: ele então, precisaria pagar para continuar competindo.
Rowe fez uma vaquinha na internet, buscando arrecadar 450 mil dólares. Arrecadou metade, o que o permitiu disputar três rodadas do campeonato de Fórmula Indy de 2022.
Para se ter uma noção, uma criança que inicia no kart, até chegar a base da Fórmula 1, precisaria de 40 milhões de reais.
“A única razão de eu ainda estar aqui é porque fui abençoado por ter alguém para me notar, para me patrocinar. Da maneira como a indústria conduz as coisas, é difícil para grupos minoritários se envolverem”.
“As pessoas no topo, os principais parceiros da categoria, precisam encontrar uma maneira de evitar que você necessite de capital financeiro para se estabelecer no automobilismo”.
“Não devem ser os pilotos a precisar encontrar patrocinadores para pilotar. As equipes é que precisam encontrar patrocinadores para competir”, desabafa Myles Rowe.
Atualmente, Rowe, é titular da Pasbt Racing. Em sua corrida de estreia, em St. Petersburg, o piloto bateu, mas se recuperou e ainda venceu a corrida seguinte. Nas próximas corridas, para disputar em Alabama e em Indianápolis, seu dinheiro tinha acabado.
Penske interviu e quitou o restante da temporada para o jovem, que pilota o carro 22. Assim, Rowe venceu mais três vezes, entrando assim na disputado do título com Michael D’Orlando.
Rowe ainda declara sua admiração e inspiração em Hamilton: “Tenho muito respeito por ele porque não sei como ele faz tanta coisa. Ele tem tanto em seu coração, me sinto plenamente representado. Sem ele, muitas coisas não teriam acontecido”.
“Ele é o líder de tudo isso na indústria automobilística, uma total inspiração para o que você pode fazer, mudar as coisas. E tudo começou só com ele e seu pai, o que é inspirador para mim e meu pai também porque foi assim que começamos”.
“Isso é tudo que eu quero fazer no futuro pela maneira como ele me impacta, como eu o vejo impactar crianças mais jovens ou da minha idade. É uma completa inspiração para quem eu posso ser e como eu poderia moldar o mundo”, finaliza Rowe.